Pais, "bobos não, talvez ingênuos"

"Os pais não são bobos, talvez um pouco ingênuos". A frase foi pronunciada por uma coordenadora pedagógica, na escola onde minha filha estuda, provavelmente, para justificar um possível julgamento dos pais diante da sua postura disciplinar, depois de um comportamento considerado inconveniente dos alunos do 1 º ano do Ensino Médio, incitados a cantar um Parabéns a você a uma colega aniversariante, interrompendo as explicações do professor.

O profissional, como líder destituído, achou conveniente buscar ajuda da coordenação, a qual usou a frase ao decidir que o grupo de alunos deveria ficar sem as explicações do conteúdo daquela aula e da próxima. No mesmo instante ordenou que fossem passadas perguntas, em forma de prova sobre o assunto não explicado e os alunos foram ameaçados de punição maior, caso faltassem na próxima aula desse professor, na qual deveriam ser escolhidos representantes para expor a aula perdida. Aliás, fica a dúvida se somente foi essa a única aula perdida, pois são constantes os problemas de disciplina nas aulas desse professor.

Ao analisar a medida, fica a questão: Será que é uma boa ideia fazer com que nossos adolescentes transformem-se em autodidatas e adquiram o conhecimento necessário através dos seus esforços individuais? Sairia bem mais em conta. O dinheiro investido em profissionais considerados gabaritados poderia ser aplicado em outros benefícios, muitas vezes deixado de lado por considerar a educação como um bem primordial.

Nesse ponto, retomo a frase e começo a concordar com a ingenuidade. Realmente nós, pais, somos muito ingênuos ao acreditar na qualidade da escola que escolhemos para nossos filhos, somos ingênuos em acreditar que o amor pela educação demonstrado pelo diretor, proprietário da escola, pode contagiar seus profissionais a tal ponto de buscar a excelência propagada aos quatro cantos, alicerçada pelos 30 anos de existência num bairro da zona leste de São Paulo.

Somos ingênuos quando acreditamos que as escolhas que nós fazemos para nossas crianças são as melhores, dentro das nossas possibilidades. Somos ingênuos quando buscamos numa escola particular aquilo que não encontramos nas escolas as quais trabalhamos: segurança (a qual também não se tem mais, pois até bomba já foi jogada por alunos inconsequentes), salas amplas, arejadas e com poucos alunos, alta tecnologia, laboratórios modernos (no plural!!), profissionais que não necessitam fazer greve etc.

E parece que do mesmo modo que acontece aos nossos adolescentes que vão perdendo a ingenuidade, nós pais, ficamos extremamente perdidos sobre qual caminho tomar quando a visão que temos já não é mais tão ingênua.

Comentários

  1. Excelente reflexão.
    Claro que somos bobos e ingênuos; difícil ser diferente.
    Temos de apostar na escola, mesmo duvidando. O que seria de nós de perdêssemos essa ingenuidade.
    Espero que os adolescente percam a ingenuidade, mas quando ficarem adultos, a recupere. hihi

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